A Revolução 4.0 tem sido transformadora para a vida de milhões de pessoas. Mas o Brasil precisa vencer grandes desafios para obter todos os benefícios trazidos pela Transformação Digital. Um destes desafios é muito urgente: a formação de profissionais digitais. São as pessoas que serão responsáveis por criar, desenvolver, programar e manter os serviços relacionados à tecnologia – desde um aplicativo para celulares até grandes sistemas de informação para governos ou grandes empresas.
Um profissional digital pode ser definido como aquele que, dentro do seu conjunto de habilidades e conhecimentos, consegue trabalhar com um ou mais aspectos da digitalização. Desde programadores e técnicos de informática, até gerentes de marketing e estrategistas, os profissionais digitais são essenciais para transformar países e organizações, tornando-os mais digitalizados, rápidos e efetivos.
O perfil de profissional digital demandado hoje não está relacionado, necessariamente, a uma graduação, curso, área ou especialidade, muito menos a um perfil jovem. O que melhor define este profissional é a existência de uma mentalidade ágil, resiliente e a capacidade de aprender de maneira constante e ao longo de toda a vida. Não é fundamental ser especialista em todos os recursos tecnológicos, mas sim entender a cultura e o modo diferente de trabalhar que a Transformação Digital trouxe e ainda trará.
Foram identificados 4 níveis organizacionais, 18 perfis e 6 áreas prioritárias de atuação dos profissionais digitais. A análise reflete as práticas e organizações de diversos setores.
São os executivos seniores, responsáveis por liderar a prática e tomar as decisões estratégicas e direcionais.
Gerenciam times e projetos, conhecendo os conceitos tecnológicos que são utilizados pelas equipes, ainda que possam não executar as tarefas na prática.
São responsáveis por executar análises, desenvolver projetos e produtos, dominando os conhecimentos e ferramentas necessários.
Realizam trabalhos específicos e dominam parte do conhecimento necessário para a execução das tarefas.
De maneira geral, a formação dos profissionais digitais pode ocorrer a partir de três ambientes principais:
Diversos países enfrentam o desafio de garantir profissionais digitais para o desenvolvimento de tecnologias e de inovação
O Brasil enfrenta o desafio de garantir profissionais em número suficiente e com formação de qualidade para desenvolver a transformação digital no país. Segundo levantamento do IDC (2016), em 2019, o gap de profissionais digitais seria de cerca de 161 mil pessoas para realizar funções de gestão, manutenção e suporte a redes digitais. O Brasil possui a maior lacuna entre os dez países avaliados na América Latina.
Este cenário é agravado pela expectativa de que 420 mil novos postos de trabalho sejam criados até 2024 (Brasscom, 2019). Com o aumento dessa demanda, serão mais 70 mil profissionais necessários ao ano até 2024, mas o Brasil só consegue formar 46 mil pessoas por ano, seja em instituições públicas ou privadas.
Caso não sejam realizadas ações urgentes para ampliar o número de profissionais nos próximos anos, o gap de 161 mil deve continuar crescendo a uma taxa de 24 mil pessoas ao ano, totalizando mais de 300 mil profissionais até 2024.
O déficit de profissionais digitais é um problema existente em diversos países, não sendo uma exclusividade do Brasil. Considerando a atuação do governo, sociedade civil e organizações privadas, foram identificados dois principais possíveis caminhos para fomentar o ecossistema de profissionais digitais:
Desenvolver profissionais no país, por meio de estratégias para capacitação e treinamento de profissionais nacionais e para o desenvolvimento de habilidades requisitadas no mundo do trabalho.
Atrair profissionais de outros países, considerando estratégias para atrair uma mão-de-obra qualificada e com habilidades digitais para trabalharem no mercado nacional.
Para enfrentar o desafio de fomentar o ecossistema de profissionais digitais são necessárias ações de curto e longo prazo desenvolvidas por diversos atores da sociedade: escolas, universidades, organizações privadas e a sociedade civil.
Ambas são importantes, complementares e atacam distintos aspectos do problema relacionado ao desequilíbrio entre oferta e demanda dos profissionais digitais. As ações de curto prazo visam endereçar rapidamente a oferta e demanda por profissionais, estando caracterizadas por programas de formação, especialização, treinamento contínuo, reskilling/upskilling, bolsas de estudo e divulgação de vagas existentes. Iniciativas de longo prazo, por sua vez, buscam atacar as causas raiz do problema, promovendo mudanças estruturais para todo o ecossistema de profissionais digitais, por exemplo, pelo estímulo à escolha por carreiras digitais e mudanças nos programas de formação ofertados pelos países.
O desenvolvimento do cenário de inovação, tecnologia e empreendedorismo é uma condição imprescindível para o fortalecimento do ecossistema de profissionais digitais. A criação de polos de inovação, centros de pesquisa e de programas de incentivo pode contribuir tanto para o desenvolvimento de profissionais nacionalmente, como para garantir a atração de indivíduos vindos de outros países.
O desafio de fortalecer o ecossistema de profissionais digitais deve ser um esforço conjunto de diversos atores, desde o governo até as empresas responsáveis pela contratação. As experiências demonstram a importância que as formações técnica e prática, no mundo do trabalho, têm para a formação de profissionais digitais, sendo imprescindível que esses atores caminhem conjuntamente.
A BRAVA é uma fundação sem fins lucrativos, que desenvolve e apoia projetos e iniciativas inovadoras e de impacto para contribuir com o desenvolvimento do Brasil o transformando em uma referência global em inovação. Para ajudar com esse objetivo, a fundação apoia o BrazilLAB, um hub de inovação que acelera soluções e conecta empreendedores com o Poder Público. A iniciativa fortalece empreendedores que estão engajados em buscar soluções para os desafios mais complexos vividos pela sociedade atual.
www.brava.org.br
www.brazillab.org.br
O Centre for Public Impact (CPI) é uma fundação sem fins lucrativos, fundada pelo Boston Consulting Group (BCG). Acreditando na capacidade e vontade dos governos em fazer o melhor para as pessoas, a fundação trabalha lado a lado com o setor público (e todos que o ajudam), para “reimaginar” o governo, tornar ideias em ações e trazer os melhores resultados para todos. O CPI suporta funcionários públicos e outros agentes de mudança que estão liderando essa tarefa e desenvolvem as ferramentas e os recursos de que precisam, como os Fundamentos de Impacto Público do CPI, para construir juntos o futuro do governo.
Data da última atualização: Julho/2019
Advisory Board CPI LatAm
Diretor CPI LatAm
Consultor CPI LatAm
Diretor de projetos BRAVA
Analista BRAVA